O “Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli, é provavelmente o quadro mais emblemático do Renascimento e, por isso, é quase certo que o leitor já tenha tido algum contato com ele. O que talvez não saiba é que existe uma pessoa real por trás da beleza idealizada da deusa que chega do mar ao sabor dos ventos.
Chamava-se Simonetta Vespucci. Nascida em Gênova, casou-se com um rico banqueiro florentino; conforme o costume da época, um casamento forjado para consolidar os laços entre duas famílias poderosas. Ao chegar em Florença, todos ficaram encantados com a sua extraordinária beleza. Referiam-se a ela como “la bella Simonetta”.
A família Medici, que governava a cidade, organizou uma série de recepções luxuosas para dar as boas-vindas ao jovem casal. Foi em uma dessas ocasiões que Giuliano de' Medici se apaixonou perdidamente por Simonetta. Conforme o pensamento da época, tratava-se de um amor idealizado, neoplatônico, tido como uma experiência contemplativa muito nobre, capaz, até mesmo, de guiar as criaturas até Deus.
O maior gesto de amor de Giuliano foi disputar – e vencer – um grande torneio de cavalaria na praça Santa Croce, em Florença, do qual participaram nobres vindos de diversas partes da Itália. O prêmio em jogo: um retrato de Simonetta realizado pelo próprio Botticelli, que trazia os dizeres: La Sans Pareille. A incomparável!
Pouco tempo após aquele torneio, aos 23 anos de idade, morria de tuberculose a mulher mais linda do Renascimento. Por ironia do destino, Giuliano foi assassinado logo em seguida, vítima de uma conspiração política. A partir de então, a história de amor dos dois é parte integrante do extenso imaginário florentino.
Nove anos após a morte de Simonetta, Botticelli emprestou as suas feições à Vênus, a deusa do Amor.
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Era tamanho o fascínio por sua modelo que o grande pintor pediu para ser sepultado aos seus pés na mesma Igreja de Ognissanti, em Florença.
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La Nascita di Venere (1485)
Galleria degli Uffizi
Florença
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