Era o ano de 1498. Sentindo-se no final de seus dias, o cardeal francês Jean Bilhères de Lagraulas quis trazer um pouco de sua terra natal para junto de si. Lembrou-se da Piedade, imagem recorrente na arte gótica da França, e encomendou a um jovem de 23 anos, vindo de Florença, uma escultura de mármore com esse tema para decorar o que seria o seu túmulo em São Pedro do Vaticano.
O jovem escultor havia frequentado os ambientes mais requintados da corte dos Médici, os mesmos que impulsionariam um novo modo de ver o mundo. Para eles, a forma era perfeita, divina, imutável: bastaria descobri-la na imperfeição de tudo o que nos rodeia.
Foi cavando na rocha imperfeita que Michelangelo Buonarroti, em apenas um ano de trabalho, nos revelou a perfeição que provém de Deus.
A forma, que é perfeita e não muda nunca, encontra-se escondida na natureza instável. A intenção de Michelangelo não era esculpir o Corpo martirizado de Jesus, porque Nele está toda a Beleza da obra do Criador. Bem como no rosto de Maria, cujo frescor nem o passar dos anos nem o sofrimento de ver o seu Filho crucificado foram capazes de apagar.
É assim que a Pietà de Michelangelo, a mais cristã de todas as obras de Arte, consegue desatar quaisquer vínculos de tempo e de espaço. De fato, a mão de Nossa Senhora parece chamar a todos para vivermos, juntos, um instante de pura Eternidade.
Saiba mais!
A Pietà logo ganhou a admiração de todos, embora, até então, o seu autor fosse praticamente desconhecido. Certo dia, Michelangelo escutou dois homens elogiando a escultura, mas atribuindo-a a Cristoforo Solari. Não pensou duas vezes: escreveu o seu nome em uma faixa sobre o peito de Maria.
Esta é a única obra assinada por Michelangelo.
Conheça esta obra-prima!
La Pietà
Basilica di San Pietro
Vaticano