Sem a coragem e a astúcia de Judite, os assírios do general Holoferne continuariam a oprimir o povo hebreu. Por isso, esta jovem do Antigo Testamento se transformou em um símbolo de vitória sobre todas as tiranias. Símbolo tão forte que, quando a República Sereníssima de Veneza se viu ameaçada em suas fronteiras, o seu ato heroico foi reproposto como modelo de resistência através das mãos geniais de Giorgione.
Como em sua célebre Tempestade, Giorgione fez da natureza a grande protagonista. Por meio dela, os aspectos psicológicos da heroína chegam de modo subliminar até o observador. Reside aí, nessa sutileza, todo o fascínio provocado pela obra deste mestre da pintura veneziana.
Judite tem uma expressão facial tranquila e determinada, consciente de ter apenas feito o que devia. No lado direito do quadro, a robustez da árvore, assim como o ato de pisar a cabeça de Holoferne, estão em sintonia com essa firmeza de propósito de Judite. Já pelo lado esquerdo é realçada a sua serenidade: toda possível agitação da personagem se dissipa na vegetação suave e na névoa que recobre os montes, cenário de fundo ideal para a leveza com que segura a espada.
Saiba mais!
Este quadro, que originalmente ornamentava a porta de um móvel, foi levado à Rússia por desejo da imperatriz Catarina, a Grande, em 1772.
Conheça esta obra-prima!
Giuditta con la testa di Oloferne (1504)
Museu Hermitage
São Petersburgo
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