Para os artistas medievais, o próprio conceito de espaço era abstrato: confundia-se com a esfera do Divino, o Reino dos Céus.
O Cristo bizantino, por exemplo, era triunfante e só existia em um mundo abstrato e divino – um espaço representado pela cor do ouro, símbolo de realeza.
Mosaico da Catedral de Cefalù, na Sicília, finalizado no ano 1170 (Foto: Marco Donati).
Na Arte, a santidade extraordinária de Francisco “exigiu” que a busca por Deus fosse representada como um acontecimento histórico em seu ambiente real. E assim foram redescobertos os afetos (a tristeza, a alegria, o sorriso, o pranto, a ira, enfim, as pulsões da alma), que emergem da pintura através da expressividade dos rostos. Os corpos não são mais “achatados” sobre o fundo ouro, mas adquirem volume e “vivem” em uma arquitetura tridimensional.
“Os italianos nunca foram tão geniais quanto no período entre as três últimas décadas do século XIII e o início do século XIV. É quando nascem na Toscana o inventor da língua literária dos italianos, Dante Alighieri, e Giotto di Bondone, que inventa a sua língua figurativa.” (Antonio Paolucci, diretor dos Museus do Vaticano)
Não podia ser outro o primeiro canteiro onde Giotto encontrou os maiores representantes dessa nova linguagem artística para colocá-la em prática: o local escolhido para acolher o corpo daquele que mudou a forma do Homem olhar para si mesmo e para Deus – a Basílica de São Francisco, em Assis. Tesouro artístico da Humanidade, conta com um ciclo de afrescos que ilustram 28 episódios da vida do Santo.
"São Francisco dando seu manto a um homem pobre"
"A renúncia dos bens terrenos"
"Sermão dos pássaros"
É como se o próprio Francisco narrasse a sua existência. Uma história a ser compreendida por todos.
De todos os tempos.
São Francisco de Assis, por Cimabue (Basílica de São Francisco, Assis)